Hey, you.
Me dei conta esta semana de que já estamos em março. Não que eu não soubesse: é só que essa percepção ainda não tinha me alcançado tão fundo. Comecei o ano com tanta resolução, lista de tarefa, um monte de vida planejada. Agora já é março e arrasto algumas tarefas adiadas, mudei alguns objetivos e tô organizando meu segundo retorno à academia do ano. É isso.
A newsletter de hoje vai ser um pouco da bagagem que tenho trazido no meu casco, caracol que sou (ou seja, vai ser uma curadoria de links interessantes com os quais esbarrei por aí).
🐌 Quase todo carnaval eu lembro de uma matéria da Vice escrita pelo Felipe Pacheco, filho do Wagner Avancini, que fotografou as edições de 83 e 85 do baile do Arakan, um baile proibidão que rolava em São Paulo durante o carnaval. Sempre que alguém diz que no passado o carnaval era mais bem comportado me dá vontade de abrir essas fotos em um telão (NSFW).
🐌 A Marginal Fic explica, em um texto super didático, o que é pessimismo tropical, visão de mundo muito ligada à cultura e experiências latino-americanas.
🐌 Assisti pelo SESC Digital o documentário Clarice Lispector: a descoberta do mundo. De acordo com a sinopse no site, é um “ensaio documental criado a partir de uma seleção de depoimentos da escritora Clarice Lispector e entrevistas com amigos e familiares em uma costura poética visual de trechos adaptados da sua obra”. Achei muito bonito e sensível e recomendo. Está disponível no SESC Digital até 01 de abril de 2024.
🐌 A Quatro Cinco Um fez um post muito legal sobre como dar destinação a doações de livros (como separar? para onde levar?). Eu também sou fã da opção de levar para vender no sebo, e inclusive fiz um reels com alguns dos livros que já encontrei em sebo.
🐌 O Dia Internacional da Mulher, ou como eu prefiro, o Dia Internacional da Luta Feminina me trouxe uma reflexão que eu ainda não tinha tido:
Digo, para mim, assim como eu imagino que seja para a maior parte das pessoas, existe um estranhamento em pensar em preencher um cartãozinho com “Parabéns, negro/parabéns LGBT pela sua força” para dar de presente no Dia da Consciência Negra ou no Dia do Orgulho LGBTQIA+. Mas a sociedade higienizou tanto o Dia da Mulher - que também é uma data de luta -, que ficou super “normal” parabenizar alguém por ser mulher, pela força de ser mulher etc.
Como a escritora Giovana Madalosso disse na sua coluna pra Folha de S.Paulo, “a mulher só se torna guerreira porque tem um safado que não paga pensão alimentícia, porque tem outro safado que não ajuda a limpar a casa. Mulher não quer guerrear, quer viver em paz e, se possível, dormir oito horas por noite”. Isso também se aplicaria para um suposto parabéns a negros ou LGBTs em suas datas correspondentes: só precisamos ser fortes porque tem alguém se enchendo de privilégios ao tomar exclusivamente para si um lugar que deveria ser de todos.
Então, sei lá, sou bem contra essa coisa de presentinho e flor no Dia Internacional da Mulher. Dê presentes em outros dias, parabenize em outras situações. Esse dia é de luta.
Aliás, até isso de dizerem “ah, quero direitos, mas também aceito presentes e flores” eu problematizo um pouco, sabe? Parece que é a gente tão acostumada com pouco que acaba aceitando o desvio de uma data tão importante só para sermos um pouco mimadas, para variar. Até entendo. Mas discordo.
É lógico que a gente vaio ter que cair no “mas nem todo homem” e aceitar que tem homens que dão flores e presentes com boa intenção, por hábito cultural, por não saberem do que a data representa na sua essência. Mas, na minha visão, é bem importante ir mudando essa percepção do 8 de março, se a gente quer mudar a percepção da mulher na sociedade.
Enfim, reflexões.
🐌 Fiz um reels com algumas indicações de livros escritor por mulheres (também por ocasião do Dia Internacional da Luta Feminina).
Bônus
Trouxe também esse TikTok acima para mostrar que, aparentemente, os jovens levaram a ideia de ter um amigo imaginário um pouco longe demais. Fiquei pensando se jogar um The Sims ou um RPG de mesa não ajudaria essa sede por viver experiências outras, mas fiquei só na conjectura. E nem tenho uma opinião muito bem formada sobre o shifting além de sentir que essa experiência meio delirante, que ficcionaliza a realidade, pode ser perigosa para a socialização/relação dos shifters com o mundo real.
Por hoje é só. Na próxima newsletter vou falar um pouco sobre minha oficina de escrita. Quem quiser me seguir no Instagram, tô sempre compartilhando conteúdo cultural por lá também.