Quando tive a ideia de escrever uma newsletter, não consegui pensar em um bom nome. Eu não queria nada óbvio, mas também não queria um nome muito distante da proposta. Provisoriamente, coloquei o nome de “a mulher que ri”, nome do meu livro mais recente, mas achei que esse título me restringiria um pouco os movimentos por aqui. Não estava satisfeita.
Passou muito tempo. Meu último texto por aqui foi de março. O texto anterior havia sido de agosto de 2023. E nada de me surgir um nome. Até que surgiu.
Eu estava no trabalho - à parte minha vida na escrita e literatura, tenho um trabalho convencional, sabe? CLT, 40 horas. Sou gerente de projetos em um publisher digital que trabalha com produção de conteúdo para a internet. Então lido muito com pessoas, planilhas, agendas, planos. E, dia desses, estava fazendo pesquisas para um possível novo projeto.
Busquei alguns sites sobre livros e literatura para entender a partir de quais palavras-chave eles se posicionavam melhor nas buscas no Google, e se tais palavras tinham um volume de buscas suficientemente relevante para, talvez, quem sabe, unir o útil ao agradável em um site sobre o tema. Eu estava muito focada nisso, mas, em algum momento dessas investigações esbarrei em algum texto com a palavra versilibrismo.
Sim, essa palavra existe. A definição é a seguinte:
Na hora que eu a vi, porém, eu não sabia o que significava. E o que a gente não sabe, a gente inventa. Como pessoa criativa, não saber o significado dessa palavra deu muito espaço para a minha imaginação, e logo inventei que versilibrismo tinha a ver com se equilibrar sobre o verso, sobre a palavra, como sobre uma corda bamba.
Boa libriana que sou, a ideia de equilíbrio - e a sempre existente dificuldade de mantê-lo - me fascina. Gosto de quanto o equilíbrio tem a ver com força, sim, mas também com uma profunda consciência corporal. E gosto da imagem do equilíbrio, de bailarinas, acrobatas, pessoas que equilibram objetos.
Isso já me deu o clique sobre trazer a palavra para o nome da newsletter. Conhecer o real significado da palavra só consolidou essa vontade. A ideia do verso livre me remetendo à liberdade, a introdução do ritmo na equação, o fato de lib também me lembrar “livro”, a afronta às regras, tudo nessa palavra me encanta, como se ela carregasse em potência várias das minhas vontades, admirações, buscas, opiniões etc.
E não é exatamente isso que se busca num espaço de expressão criativa como o de uma newsletter?
Então, de batismo mesmo, esta publicação fica se chamando versilibrista. Fico sendo assim eu mesmo uma versilibrista, em tudo o que essa palavra carrega para mim.
Começa assim um novo momento.